A dislipidemia é um dos mais importantes fatores de risco para a aterosclerose, uma placa gordurosa que surge dentro dos vasos sanguíneos e pode obstruir a luz do vaso, levando a um infarto cardíaco ou derrame cerebral por redução do aporte sanguíneo. Consiste na principal causa de morte no mundo.
As alterações nos níveis de colesterol geralmente são ocasionadas por alterações na ingestão de lipídios (gorduras, também chamados de ácidos graxos) entretanto na prática percebemos que a ingestão excessiva de carboidratos pode influenciar de forma indireta nos níveis de colesterol.
Nas minhas orientações tento de forma simplificada mostrar os principais tipos de gorduras que influenciam nos níveis de Colesterol HDL (o bom) e LDL (o ruim).
As gorduras mais consumidas são:
Colesterol: Ex. Ovo, laticínios integrais, carnes. Sempre são de origem animal. Apesar do mesmo nome (colesterol), a sua ingestão não influencia tanto nos níveis sanguíneos de colesterol da maioria dos pacientes. O consumo de colesterol alimentar deve ser < 300 mg/dia para auxiliar controle da colesterolemia.
Gordura Saturada: Ex. Carnes, laticínios, ovos, gordura do coco, óleo de dendê, manteiga de cacau. Os estudos mostram que a sua ingestão excessiva pode subir os níveis Colesterol LDL e com isso aumentar o risco cardiovascular (infarto, derrame, trombose). Estudos também mostram que pode piorar a flora intestinal e piorar os quadros de pré-diabetes e diabetes. Esse tipo de gordura tem uma ação pró-inflamatória (a favor da inflamação).
Gordura Monoinsaturada (MUFA): Ex. azeite, oleaginosas. É um tipo de gordura com ação anti-inflamatória. Consiste no ômega 9 (ácido oleico). Os estudos mostram ação benéfica sobre os níveis de colesterol HDL (o bom) e redução dos níveis de LDL.
Gordura Poliinsaturada (PUFA): Ex. Ômega 3, 6, 7, presentes em castanhas, algas, linhaça, chia, peixes marinhos, alguns vegetais. Seu consumo está relacionado a melhora nos níveis de HDL e redução dos níveis de LDL. Há suplementos ricos em ômega 3 e o nutrólogo pode escolher a dose mais adequada para o seu caso.
Gordura Trans: É um tipo de ácido graxo que na natureza está presente em quantidades ínfimas em carnes e laticínios. A indústria na tentativa de solidificação de óleos conseguiu através de um processo chamado Hidrogenação (gordura vegetal hidrogenada = margarinas), formar Gorduras trans. É uma gordura altamente tóxica e relacionada ao aumento de níveis de LDL (o colesterol ruim). Minha sugestão: Evite ao máximo
CARBOIDRATOS: A importância dos carboidratos (CH) no surgimento das doenças cardiovasculares e nas dislipidemias deve ser levada em conta. Hoje já sabemos que comer muito CH, especialmente os de rápida absorção (pão francês, farinha branca, arroz branco, macarrão), pode aumentar o colesterol ruim (LDL) e PRINCIPALMENTE OS TRIGLICERÍDEOS. Ex. É interessante dar preferência para os CH com baixo índice glicêmico, menor densidade calórica, maiores teores de fibras e água: arroz integral, pão integral ou com vários grãos, macarrão integral, farinha de trigo integral, maior consumo de grãos integrais, evitar sucos adoçados com açúcar e misturar mais de dois tipos de carboidratos no prato.
FIBRAS: As fibras são carboidratos e eles também são importantes para auxiliar na redução de LDL. Existem 2 tipos de fibras, as solúveis e as insolúveis. Os estudos mostram que as fibras solúveis promovem uma redução dos níveis de colesterol LDL. Exemplos de fibras solúveis: pectinas (maçã, pêra, goiaba) gomas, mucilagens (chia, linhaça). Além disso fibras solúveis quanto insolúveis podem ser manipuladas em sachês e adicionadas à alimentação.
FITOESTERÓIS: Os fitosteróis são compostos naturais com estrutura química parecida com a do colesterol e que ajudam na redução dos níveis de colesterol ruim. O nutrólogo pode te indicar quais as principais fontes de fitoesteróis estão as amêndoas, nozes, amendoins, sementes de girassol, milho, feijões, sementes de girassol, soja, canola, óleos vegetais, além de frutas como o abacate, verduras e legumes.
PROBIÓTICOS: Apesar de serem escassas as publicações mostrando benefícios da suplementação de probióticos (lactobacilos) nas dislipidemias, há alguns poucos estudos mostrando que a suplementação de lactobacillus acidophilus reduziu os níveis de colesterol. Além disso algumas outras cepas estão correlacionadas com redução da absorção do colesterol dietético. Um nutrólogo pode prescrever probióticos encapsulados como terapia adjuvante ao tratamento convencional.
EXERCÍCIOS: A literatura tem mostrado relação inversa entre os níveis de LDL e prática regular de atividade física, em especial exercício aeróbico. Níveis de HDL são superiores em indivíduos fisicamente ativos. Portanto faça alguma atividade física.
Alimentos específicos descritos na Diretriz Brasileira de Gordura (2013)