A prevalência do DPOC está aumentando com o envelhecimento da nossa população. O tabagismo e a idade avançada são os principais fatores de risco para o aumento da prevalência. Além de piorar a qualidade de vida, a DPOC aumenta absurdamente os gastos públicos e privados com saúde, sobrecarregando principalmente o SUS. Portanto medidas de prevenção devem iniciar na fase escolar.
O DPOC tem dois subtipos clássicos, o Enfisema Pulmonar e a Bronquite crônica. Como a que mais traz repercussões nutrológicas é o Enfisema, neste texto abordarei apenas ele.
O DPOC é reconhecido atualmente como uma doença pulmonar, mas com repercussão sistêmica e que invariavelmente leva a anormalidades nutrológicas que ocasionam uma redução da massa magra e gorda, podendo levar até a um estado de caquexia. 50% dos pacientes com DPOC grave e 10 a 15% com DPOC moderada apresentam perda de peso, possivelmente em decorrência de um estado de hipermetabolismo, já que é uma doença consumptiva. Como não fica restrito aos pulmões, o DPOC promove:
Estudos documentaram que pacientes com enfisema pulmonar apresentam queda na síntese de proteína muscular e um alto turnover proteico no estado pós-absortivo. Estudos posteriores também evidenciaram que a perda de peso nesses pacientes, como já citei acima, está relacionada a um estado inflamatório associado à hipóxia e à liberação de citocinas. A diminuição do peso corporal, do índice de massa corporal (IMC) e da massa livre de gordura têm sido associadas à maior mortalidade em pacientes com DPOC.
As alterações nutricionais são atribuídas ao aumento do metabolismo, que parece ser explicado por 3 principais fatores:
Também se evidenciou aumento da atividade da citocromo-oxidase, enzima mitocondrial que consome oxigênio.
A perda do apetite combinada com a diminuição da ingestão alimentar são os dois maiores fatores contribuintes para a perda de peso nos pacientes, sendo que tais alterações ocorrem principalmente nos quadros de exacerbação da doença e podem estar relacionadas à dificuldade em mastigar e deglutir secundárias às alterações respiratórias. Além disso, a própria hipóxia pode ser responsável pela perda de apetite relacionada às ações neuro-hormonais da leptina e das citocinas.
Os objetivos da nutroterapia nesses casos são:
A maioria dos pacientes com DPOC ganham peso ao usarem os suplementos nutricionais. A ausência de resposta à terapia nutrológica tem sido associada ao envelhecimento, à anorexia e a uma elevada resposta inflamatória sistêmica.
Se mesmo o paciente utilizando suplementos, o paciente não recuperar o peso perdido ou alcançar o IMC mínimo, nós médicos podemos utilizar algumas medicações que aumentam o apetite. Nos casos refratários, em que o paciente mesmo ingerindo quantidade adequada de nutrientes não consegue ganhar massa magra, o paciente pode ser encaminhado ao endocrinologista para verificar se há necessidade de utilizar esteroides androgênicos anabolizantes. Além disso fisioterapia respiratória e motora são imprescindíveis, para minimizar a perda da massa magra.
Fonte: Tratado de Nutrologia, 2013.