O texto abaixo foi elaborado em conjunto, com alguns membros do movimento Nutrologia Brasil, para entregarmos para nossos pacientes acima do peso (sobrepeso e obesidade) na primeira consulta.
1. O processo de dieta sempre terá altos e baixos. Infelizmente, no mundo atual, para se ter vida social, ocasionalmente o obeso pode sair do “script” de forma consciente e programada, sem métodos inapropriados de compensação (vômitos, uso de laxantes, dietas altamente restritivas e jejuns prolongados).
Uma vez iniciado um processo de emagrecimento, lembre-se que “chutar o pau da barraca” ou jacadas” por várias semanas, ou meses irá:
1) Alterar a sua taxa metabólica basal (seu metabolismo cairá); e
2) Desregular o sistema cerebral de regulação fome/saciedade
2. Com essa combinação acima, a longo prazo você tenderá a engordar cada vez mais. Portanto, a dica (que os maiores especialistas do mundo em obesidade) é: tente manter o foco na dieta ou na reeducação alimentar;
3. É preciso entender que adipócitos (células de gordura) não morrem, apenas esvaziam e reduzem de tamanho. Você deve evitar que eles se proliferem e voltem a armazenar gordura. Portanto, uma vez com obesidade ou sobrepeso; vigilância sempre será por toda a vida. Isso piora quanto mais alto foi o índice de massa corporal (IMC) atingido ao longo da vida. O paciente pode estar com a quantidade de gordura dentro da normalidade nos exames, mas a células de gordura ali persistem.
4. Tão importante quanto perder gordura é a manutenção ou ganho de massa magra (músculo). A perda de músculo é inerente a todo processo de emagrecimento, mas devemos tentar minimizar isso, principalmente através da prática regular de atividade física.
5. É importante salientar que o papel da atividade física no emagrecimento é baixo quando analisado a curto prazo e no que se refere ao gasto calórico. Para se eliminar 1kg devemos gastar cerca de 7.500-8.000kcal. Em uma hora de caminhada perde-se 5,5kcal/minuto (pessoa de 60kg), cerca de 330kcal/hora. Se o indivíduo caminhar 22 dias no mês, ele consegue eliminar cerca de 1kg, caso mantenha a ingestão calórica abaixo do que o corpo utiliza. Ou seja, é uma perda pequena. ENTRETANTO a atividade física tem um papel muito importante na manutenção da perda de peso. Ou seja, quando o paciente perde peso e mantém a prática regular de atividade física, ele tende a evitar o reganho do peso. Além de atenuar a resposta adaptativa número 1 (citada abaixo).
6. No processo de perda de peso há algumas alterações adaptativas. É como se fosse uma reação do corpo à perda de peso. Quais são essas reações?
Reação 1: Ele tende a reduzir o metabolismo (ou seja, você passa a queimar menos calorias ao longo do dia). O Dr. Bruno Halpern, um dos maiores estudiosos de obesidade no Brasil, afirma que para cada 1 kg de peso eliminado, o metabolismo pode reduzir em até 30 kcal. Ou seja, se perdeu 10kg, a taxa metabólica cairá 300kcal.
Reação 2: Como compensação à perda de peso, ele aumenta o seu apetite em média 100kcal por cada 1 kg perdido. Ou seja, se eliminou 10 kg, ele te fará comer 1.000 kcal extras.
7. Existe uma teoria denominada Set Point, na qual os “obesólogos” perceberam que seu corpo, após atingir um determinado IMC, sofrerá alterações nutroneurometabólicas e que SEMPRE favorecerão que você retorne para o IMC máximo atingido ou um pouco acima. Ou seja, efeito sanfona piora o prognóstico da obesidade.
8. Estudos feitos com grande número de indivíduos mostraram que apenas 10% dos que perdem peso apenas com mudança do estilo de vida, ou seja, atividade física e dieta, conseguem sustentar o peso eliminado após 2 anos. Isso nos mostra que a obesidade é uma doença:
1) Crônica (tratamento por toda a vida e vigilância contínua);
2) Recidivante (vai e volta, exemplo efeito sanfona);
3) Com fortíssimo componente genético e que sofre múltiplas interferências ambientais, comportamentais; e
4) Que necessita de tratamento agressivo pois, na atualidade, é uma das doenças que mais se desdobra em múltiplas outras doenças.
9. A farmacoterapia antiobesidade (utilização de medicamentos), tão abominada por alguns profissionais, na atualidade tem uma boa eficácia e um bom nível de segurança. Respeito a vontade do paciente em não utilizar medicações alopáticas, mas deixo claro o que há de científico na literatura.
10. Muitos pacientes precisarão utilizar medicações por toda a vida, assim como hipertensos, diabéticos e depressivos tomam. Outros, talvez após um longo tempo de adaptação metabólica ao novo peso, conseguem reduzir as doses e até retirá-las.
11. Para cada quilo de peso perdido, o ideal é que o paciente fique 1 mês em manutenção (período que se inicia após todo o peso eliminado). Durante a fase de manutenção geralmente opta-se por manter a medicação.
12. Como se trata de uma doença de etiologia multifatorial, na prática percebemos que fatores emocionais possuem crucial importância na manutenção da obesidade e sobrepeso, sendo assim, o acompanhamento psicoterápico auxilia muito no processo.
13. Melhores resultados são obtidos quando o paciente está inserido dentro de uma equipe multidisciplinar: Médico, Nutricionista, Psicólogo, Profissional da Educação física.
Documento elaborado e assinado pelos integrantes Grupo de estudos Nutrologia Brasil
1. Amanda Weberling – Médica Nutróloga– Vitória – ES
2. Andrea Figueiredo – Médica Nutróloga – Palmas – TO
3. Breno Rocha Coimbra – Médico Endocrinologista e Biomédico – Palmas – TO
4. Bruno De Andrade – Médico Nutrólogo – – Rio de Janeiro – RJ
5. Daniella Costa – Médica Nutróloga – Uberlândia – MG
6. Delmir Rodrigues – Médico Endocrinopediatra, Nutrólogo pediátrico – Brasília – DF
7. Diana Sá – Médica Endocrinologista – Brasília – DF
8. Flavia Tortul – Médica Endocrinologista – Campo Grande – MS
9. Frederico Lobo – Médico Nutrólogo – Goiânia – GO
10. Gustavo Louzano – Médico Nutrólogo e Cirurgião Geral
11. Haroldo Falcão – Médico Nutrólogo – Rio de Janeiro – RJ
12. Jordana Rodrigues – Médica Endocrinologista – São José do Rio Preto – SP
13. Juan Bernard – Médico Nutrólogo – Belo Horizonte – MG
14. Karol Calfa – Médica Nutróloga – Vitória – ES
15. Leandro Marques – Médico Nutrólogo – Goiânia – GO
16. Leandro Figueiredo – Médico Nutrólogo – São Paulo – SP
17. Leonidas Silveira – Médico Nutrólogo – Campos – RJ
18. Lilia Godói – Médica Nutróloga – São Paulo – SP
19. Mateus Dorneles – Médico Endocrinologista – Santa Maria – RS
20. Natalia Jatene – Médica Endocrinologista – Goiânia – GO
21. Patrícia Peixoto – Médica Endocrinologista – Campos – RJ
22. Pedro Dal Bello – Médico Nutrólogo e Oncologista Clínico – São Paulo – SP
23. Pedro Prudente – Médico do Esporte e Acupunturista– Goiânia – GO
24. Priscila Abelha – Médica Nutróloga – Rio de Janeiro – RJ
25. Rafael Leal – Médico Nutrólogo – Brasília – DF
26. Reinaldo Nunes – Médico Endocrinologista e Nutrólogo – Campos – RJ
27. Renata Mattar – Médica Cirurgiã geral – São Paulo – SP
28. Rodrigo Costa – Médico Nefrologista e Nutrólogo – Goiânia – GO
29. Samira Santos – Médica Endocrinologista – Campo Grande – MS
30. Tatiana Abrão – Médico Endocrinologista e Nutróloga
31. Yuri Galeno – Médico Endocrinologista – Natal – RN