A Litíase renal ou pedra (cálculo) no trato urinário é uma doença muito frequente, que incide mais em homens que mulheres (proporção inferior a 2:1) e pode estar localizada nos rins, ureter, bexiga e uretra.
Geralmente ocorre um novo episódio em 50% dos pacientes, principalmente naqueles que não fizeram nenhum tipo de tratamento. Portanto 50% dos pacientes apresentarão após o primeiro episódio, um novo quadro 5 a 10 anos após.
Tipos de Cálculo
Cerca de 70 a 80% dos quadros de litíase renal, os cálculos são de cálcio. Sendo que a maioria são constituídos primariamente de oxalato de cálcio e, com menor frequência, fosfato de cálcio.
Os outros tipos principais incluem cálculos de ácido úrico, estruvita (fosfato de amônio magnesiano) e cistina, sendo que um mesmo paciente pode ter cálculos mistos.
Como se forma o cálculo?
A formação resulta de um processo complexo e multifatorial. Sendo que os principais mecanismos fisiopatológicos são:
Porém existem outros fatores que podem desencadear a formação de cálculos, dentre eles: O pH urinário, o volume de urina e a dieta.
Os principais fatores de risco para litíase conhecidos são:
Os cálculos de cálcio estão associados a alterações bioquímicas urinárias: hipercalciúria, com ou sem hipercalcemia; hiperoxalúria (associada à doença inflamatória intestinal e/ou má-absorção intestinal ou hiperoxalúria primária); hipocitratúria, sendo que hipocitratúria leve ocorre em uma grande parte dos pacientes com litíase. Muitas vezes a nossa dieta é baixa em ingestão de ácido cítrico e o citrato é um importante inibidor da formação de cálculos de oxalato e fostato de cálcio. A alimentação pode auxiliar nesses casos.
Outros tipos de cálculos:
Quadro clínico
Os portadores de cálculo podem apresentar o quadro clássico de dor de forte intensidade na região renal ou do trajeto urinário, com ou sem sangramento na urina (hematúria) ou apresentar quadros atípicos ou até mesmo não apresentar sintomas.
Diagnóstico
O melhor exame para detectar um cálculo é a tomografia computadorizada helicoidal sem contraste, porém tem a desvantagem de exposição à irradiação. Na maioria das vezes solicitamos ultrassonografia de vias urinárias.
Investigação Metabólica
Após a eliminação dos cálculos existentes, o paciente pode ser submetido a investigação metabólica para determinar a causa da litíase e planejar o tratamento necessário. Não há consenso se avaliação metabólica completa deve ser realizada após o aparecimento do primeiro cálculo. Avaliação metabólica completa, em adição aos testes laboratoriais básicos, está indicada em todos os pacientes com múltiplos cálculos na primeira apresentação, em pacientes com história familiar fortemente positiva para litíase renal e em indivíduos com doença ativa, que é definida como formação recorrente de cálculos, aumento de cálculo pré-existente ou com passagem recorrente de cristais.
A avaliação metabólica completa consiste em dosagem de sangue e urina, incluindo pelo menos duas coletas de urina de 24 horas com dosagem urinária de cálcio, ácido úrico, oxalato, fósforo, cistina, citrato, sódio e creatinina.
Papel da Nutrologia
A Nutrologia tem um papel crucial na dieta do paciente com litíase. Como a maioria dos cálculos são de oxalato de cálcio, há algumas medidas que podem minimizar a formação de novos cálculos, tais como:
Há nutrólogos que defendem o uso de algumas vitaminas e minerais, com possível efeito anti-litíase, são elas: magnésio e vitamina B6. Existem também fitoterápicos auxiliares, mas com baixo nível de evidência científica.