O jejum intermitente é uma daquelas estratégias que boa parte dos pacientes que já tentaram emagrecer por conta própria possui um histórico, mas que após avaliar de perto, quase sempre é feito de forma sem rotina, desregrada, nutricionalmente ruim e sem medidas para auxiliar na melhora do comportamento alimentar.
As promessas dos benefícios do jejum intermitente na saúde, que são encontradas na internet, são infinitas: afirmam um efeito antienvelhecimento (antiaging), aumento da autofagia (capacidade das células de se “reciclarem” e eliminarem componentes danificados), emagrecimento, melhora cognitiva, redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis e muito mais…
Mas, será que o jejum intermitente é mesmo tudo isso e possui todo esse potencial miraculoso para a saúde?
Bom, da forma que é amplamente divulgada por aí, com certeza não. E todos os efeitos possíveis relatados em artigos acerca do jejum acontecem também na vigência de um déficit calórico controlado (ou seja, talvez o efeito não seja do jejum, mas apenas da restrição calórica que pode ou não acontecer no jejum). Mas vamos lá: o jejum intermitente, se prescrito de forma correta, individualizada e sob orientação do nutricionista, pode SIM ser uma ótima estratégia e funcionar bem para algumas pessoas.
No entanto, fazer o jejum intermitente sem considerar as particularidades e os aspectos nutricionais do indivíduo, acreditando que trará resultados superiores do que outras estratégias que sejam NUTRICIONALMENTE EQUIVALENTES, é apenas uma MODA/MITO e pode ser um grande tiro no pé. Alguns trabalhos, por exemplo, já demonstraram que o jejum traz resultados semelhantes com relação ao processo de emagrecimento de estratégias mais tradicionais, desde que a ingestão de calorias e proteínas sejam iguais.
Então, o que vai ditar a melhor estratégia a ser escolhida pelo nutricionista e paciente é a soma de todos os fatores que são observados durante a consulta (que se considera parâmetros bioquímicos, comportamentais, rotina, etc).
E na minha opinião: se o jejum não for melhorar a relação do paciente com a comida (o que não é comum entre pacientes que fazem o jejum por conta própria), não mudar suas escolhas alimentares, não agir na redução de calorias e não resultar em ADESÃO, NÃO existe o porquê de seguir essa estratégia. E mais, alguns trabalhos associam o hábito de pular o café da manhã (estratégia comum no jejum intermitente) ao maior risco de ganho de peso (claro que com muitas ressalvas).
Portanto, não fique mudando de estratégia por conta própria e agende um horário para iniciar uma estratégia individualizada.
Autor: Rodrigo Lamonier – Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores:
Dr, Frederico Lobo – Médico Nutrólogo – CRM 13192 – RQE 11915
Márcio José de Souza – Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição.