Antes de começar esse texto, quero deixar claro que não tenho nenhum conflito de interesse. Não tenho relação com nenhuma empresa que produz alimentos orgânicos.
A produção de orgânicos sempre que possível, baseia-se:
}1)No uso de estercos animais,
2)Rotação de culturas,
3)Adubação verde,
4)Compostagem,
5)Controle biológico de pragas e doenças.
Tem como principal objetivo a manutenção da estrutura do solo além da sua produtividade, gerando alimentos saudáveis e produzidos baseados em uma relação harmônica com a natureza (homem/natureza, homem/animais homem/homem).
Por esses motivos, eu como médico Nutrólogo e ambientalista defendo essa causa. Alguns aspectos que sempre ressalto para quem me pergunta “Dr. porque vc está nessa de defender ecologia associada à medicina?”:
1) Aspectos sanitários: alimentos orgânicos não possuem “defensivos” agrícolas sintéticos ou qualquer tipo de venenos que possa comprometer a saúde de qualquer ser na escala evolutiva, seja ele um invertebrado, seja ele um homo sapiens. Princípio este que jurei na minha formatura, princípio este criado pelo pai da Medicina (Hipócrates) “primum non nocere” que significa em primeiro lugar não lesar.
2) Aspectos ecológicos: a agricultura orgânica por não utilizar métodos agressivos e nocivos para a natureza, evita a degradação do meio ambiente. Isso inclui: manutenção das características do solo (as vezes adubando através de rochagem, mas sem utilizar fertilizantes sintéticos), manutenção da potabilidade da água e pureza do ar. A agricultura orgânica geralmente é familiar e ocorre de forma sustentável, na qual se respeita ciclos milenares (plantio/colheita). Desenvolvimento e preservação ambiental andam de forma conjunta.
De formal geral, a agricultura orgânica é baseada em três idéias. São elas:
1) Cultivo natural: é proibido o uso de agrotóxicos, adubos químicos e artificiais e conservantes no processo de produção.
2) Equilíbrio ecológico: A produção respeita o equilíbrio microbiológico do solo e as diferentes épocas de safra. O processo fica mais sustentável, não degradando a biodiversidade.
3) Respeito ao homem: o trabalhador tem que ser respeitado (leis trabalhistas, ganho por produtividade, treinamento profissional e qualidade de vida).
Para se obter um alimento verdadeiramente orgânico, é necessário conhecer diversas ciências (agronomia, ecologia, nutrição, medicina, economia, entre outras). Assim, o agricultor, através de um trabalho harmonizado com a natureza, tem condições de oferecer ao consumidor alimentos que promovam não apenas a saúde deste último, mas também do planeta em que vivemos.
O número crescente de produtores orgânicos no Brasil está dividido basicamente em dois grupos:
1) Pequenos produtores familiares ligados a associações e grupos de movimentos sociais, que representam 90% do total de agricultores, sendo responsáveis por cerca de 70% da produção orgânica brasileira;
2) Grandes produtores empresariais (10%) ligados a empresas privadas.
Enquanto na região sul cresce o número de pequenas propriedades familiares que aderem ao sistema, no sudeste a adesão é representada em sua maioria por grandes propriedades.
Atualmente, o Brasil ocupa a 34ª posição no mundo no ranking dos países exportadores de produtos orgânicos, sendo que na última década foi assistido um crescimento de 50%nas vendas por ano.
Calcula-se que já estão sendo cultivados perto de 100 mil há (hectares) em cerca de 4.500 unidades de produção orgânica espalhadas por todo o país. A maior parte da produção brasileira (cerca de 70%) encontra-se nos estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. Apesar da tendência de crescimento, o Brasil ainda perde para a vizinha Argentina em termos de área certificada para o cultivo de orgânicos na América do Sul.
Da produção nacional de orgânicos, cerca de 75% é exportada, principalmente para a Europa, Estados Unidos e Japão. A soja, o café e o açúcar lideram as exportações. No mercado interno, os produtos mais comuns são as hortaliças, seguidos de café, açúcar, sucos, mel, geleias, feijão, cereais, laticínios, doces, chás e ervas medicinais. Infelizmente ainda não temos muitas frutas produzidas nos moldes correto.
Os países com maiores áreas de produção orgânicas são, respectivamente:
1) Austrália com 12,29 milhões de ha;
2) China com 2,3 milhões de ha;
3) Argentina com 2,22 milhões de ha.
Esses países têm como principal atividade nessas áreas orgânicas a pastagem não intensiva. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados na comparação entre países, pois a produtividade é extremamente variável entre eles. O Brasil se encontra na oitava posição, com 880 mil ha. Em termos de continente, a Oceania detém 40,7% da área sob manejo orgânico, seguida da Europa com 24,3%, América Latina com 16,2%, Ásia com 10,2%, América do Norte com 7,3% e África com 1,4%.
O Japão hoje é considerado um dos maiores mercados mundiais para produtos orgânicos. Devido à pequena dimensão territorial, a produção orgânica própria é pequena, principalmente se comparada à variedade e volume de produtos que importam, como cereais, legumes, frutas frescas, carne bovina, frango, queijo, entre outros.
Nos Estados Unidos, os produtores orgânicos certificados produzem principalmente cereais, com destaque para soja e trigo. O desenvolvimento da agricultura orgânica americana tem sido comparado ao da Europa, assistindo um volume de venda próximo dos U$5 bilhões anuais. Segundo dados da Organic Farming Research Fundation (Fundação de Pesquisa em Agricultura Orgânica), aproximadamente 1% do mercado americano de alimentos é proveniente de métodos orgânicos de produção.
Na Europa o desenvolvimento da agricultura orgânica e do consumo de produtos sem agrotóxico cresce a passos largos.
No final de 2009, na França, havia 16.446 fazendas orgânicas, um aumento de 23,7% em relação a 2008, e 677.513 hectares de terra orgânica, um aumento de 16% comparado a 2008. O país obteve destaque devido ao aumento significativo de algumas produções animais na linha orgânica, sobretudo o frango orgânico, que teve taxas de crescimento de 135% nos últimos dois anos.
A Alemanha foi o primeiro país do mundo a criar um organismo para inspeção e controle da produção orgânica e hoje o mercado alemão de produtos orgânicos é considerado um dos mais importantes da Europa. Em 1998, foram contabilizadas cerca de 6.786 unidades de produção (1,9% de sua área total).
Será que é orgânico mesmo? Como saber?
Se você pretende consumir alimentos orgânicos fique atento para não ser enganado. Procure sempre pelo selo de qualidade emitido por certificadoras reconhecidas pelo Ministério da Agricultura. São entidades como a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), o Instituto Biodinâmico (IBD), entre outros. Essas entidades, ao todo cerca de 30 em todo Brasil, avaliam se a produção do alimento segue os critérios estabelecidos pela agricultura orgânica. Para ganhar o selo, os produtores seguem várias precauções e têm suas lavouras fiscalizadas a cada semestre. A presença do selo garante, portanto, a procedência e a qualidade dos produtos.
Aqui em Goiânia recomendo para os meus pacientes que comprem do pessoal da ADAO – GO (Associação dos Agricultores Orgânicos de Goiás) e da Fazenda Santa Helena
10 MOTIVOS PARA INGERIR MAIS PRODUTOS ORGÂNICOS
1) SÃO ALIMENTOS NUTRITIVOS E SABOROSOS
Com solos balanceados e fertilizados com adubos naturais, se obtém alimentos mais nutritivos. A comida fica mais saborosa, conservam-se suas propriedades naturais como vitaminas, sais minerais, carboidratos e proteínas. Um alimento orgânico não contém substâncias tóxicas e nocivas à saúde. Em solos equilibrados as plantas crescem mais saudáveis, preservam-se suas características originais como aroma, cor e sabor.
Consumindo produtos orgânicos é possível apreciar o sabor natural dos alimentos. Além disso, quando se utiliza o sistema de Rochagem na adubagem o alimento fica mais rico devido a inserção de minerais ESSENCIAIS na composição do solo. Pesquisas internacionais demonstram que alimentos orgânicos apresentam, em média, 63% a mais cálcio, 73% mais ferro, 118% mais magnésio, 178% mais molibdênio, 91% mais fósforo, 125% mais potássio, 60% mais zinco que os alimentos convencionais. Possuem menor quantidade de mercúrio (29%), substancia que pode causar doenças graves (informação publicada no Journal of Applied Nutricion, 1993).
No ano passado pesquisadores da London School of Hygiene & Tropical Medicine, em Londres, Inglatrra, realizaram um levantamento com 162 artigos científicos publicadas nos últimos 50 anos, que mostrou que não existe uma diferença tão grande entre o alimento orgânico e o normal. Erro na metodologia ? Interesses exclusos ? Mesmo que não tivesse superioridade nutricional, só de não conter agrotóxicos ja É SUPERIOR !
2) SAÚDE GARANTIDA
Vários pesticidas utilizados hoje em dia no Brasil estão proibidos em muitos países, em razão de consequências provocadas à saúde, tais como:
1) Cânceres dos mais diversos tipos
2) Alergias alimentares
3) Asma
4) Infertilidade
5) Alterações hormonais principalmente quando se trata de hormônios sexuais
6) Hiperatividade em adultos e crianças
7) Déficit de atenção
8) Doenças neurodegenerativas
9) Aumento da produção de radicais livres e diminuição da produção de antioxidantes.
10) Intoxicação por metais pesados
Um relatório da Academia Americana de Ciências, de 1982, calculou em 1.400.000 o número de novos casos de câncer provocados por agrotóxicos. Além disso, os alimentos de origem animal estão contaminados pela ação dos perigosos coquetéis de antibióticos, hormônios e outros medicamentos que são aplicados na pecuária convencional, quer o animal esteja doente ou não.
Consumindo orgânicos protegemos nossa saúde e a saúde de nossos familiares com a garantia adicional de não estarmos consumindo alimentos geneticamente modificados.
Vale a pena ler o Post sobre a recente pesquisa da Anvisa, na qual a mesma detectou irregularidade em 29% dos alimentos analisados.
Veja também esse post sobre a Reavaliação de agrotóxicos e veja o quão grave é a situação.
3) PROTEÇÃO ÀS FUTURAS GERAÇÕES
As crianças são os alvos mais vulneráveis da agricultura com agrotóxicos. “Quando uma criança completa um ano de idade, já recebeu a dose máxima aceitável para uma vida inteira, de agrotóxicos que provocam câncer”, diz um relatório recente do Environmental Working Group (Grupo de Trabalho Ambiental). A agricultura orgânica, além disso mais, tem a grande tarefa de legar às futuras gerações um planeta reconstruído.
4) AMPARO AO PEQUENO PRODUTOR
O trabalhador rural precisa ser preservado, tanto quanto a qualidade ecológica dos alimentos. Adquirindo produtos ecológicos, contribuímos com a redução da migração de famílias para as cidades, evitando o êxodo rural e ajudando a acabar com o envenenamento por agrotóxicos sofrido por cerca de 1 milhão de agricultores no mundo inteiro.
5) SOLOS FÉRTEIS
Uma das principais preocupações da Agricultura Orgânica é o solo. O mundo presencia a maior perda de solo fértil pela erosão em função do uso inadequado de práticas agrícolas convencionais. Com a Agricultura Orgânica é possível reverter essa situação.
6) ÁGUA PURA
Quando são utilizados agrotóxicos e grande quantidade de nitrogênio, ocorre a contaminação nas fontes de água potável. Cuidando desse recurso natural, garante-se o consumo de água pura para o futuro.
7) BIODIVERSIDADE
A perda das espécies é um dos principais problemas ambientais. A Agricultura Orgânica preserva sementes por muitos anos e impede o desaparecimento de numerosas espécies, incentivando as culturas mistas e fortalecendo o ecossistema. A Fauna permanece em equilíbrio e todos os seres convivem em harmonia, graças à não utilização de agrotóxicos. A Agricultura Orgânica respeita o equilíbrio da natureza e cria ecossistemas saudáveis.
8) REDUÇÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL E ECONOMIA DE ENERGIA
O solo tratado com substâncias químicas libera uma quantidade enorme de gás carbônico, gás metano e óxido nitroso. A agricultura e administração florestal sustentáveis podem eliminar 25% do aquecimento global. Atualmente, mais energia é consumida para produzir fertilizantes artificiais do que para plantar e colher todas as safras.
9) CUSTO SOCIAL E AMBIENTAL
O alimento orgânico não é, na realidade, mais caro que o alimento convencional se consideramos que, indiretamente, estaremos reduzindo:
1) Gastos com MÉDICOS e MEDICAMENTOS
2) CUSTOS com a recuperação ambiental.
10) CIDADANIA E RESPONSABILIDADE SOCIAL
Consumindo orgânicos, estamos exercitando nosso papel social, contribuindo com a conservação e preservação do meio ambiente e apoiando causas sociais relacionadas com a proteção do trabalhador e com a eliminação da mão-de-obra infantil.
Maiores Informações: http://www.prefiraorganicos.com.br/
Vale a pena pagar mais por certos orgânicos?
Os adeptos da culinária saudável já estão cansados de saber dos benefícios dos alimentos orgânicos, infelizmente, investir 100% nesse tipo de frutas, legumes, folhas e até sucos e carnes ainda custa caro e é privilégio de poucos.
Pensando nisso, conversamos com especialistas para garimpar alguns itens nesse universo orgânico e saber exatamente por quais deles e em que situações realmente vale a pena se pagar mais em nome da saúde.
Um bom começo para começar a mudar os hábitos à mesa, sem pesar muito no bolso, seria substituir os campeões em agrotóxicos por suas versões orgânicas. Não é à toa. De acordo com a nutróloga Lívia Zimmermann, o consumo diário dessas substâncias nocivas pode intoxicar o organismo, criando um “ambiente” propício ao desenvolvimento de doenças – desde alergias até o câncer a longo prazo. “Há, inclusive, estudos que sugerem que os aditivos químicos, principalmente os corantes encontrados em alimentos industrializados, podem ter relação até com distúrbios psicológicos”, alerta Lívia, membro da diretoria da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
Reveja sua lista de supermercado
Comer uma salada de tomates, hoje, pode ser uma aventura e tanto, graças ao nível de contaminação dessa fruta – que aparece nas feiras e sacolões cada vez maior e mais vermelha (como um típico efeito do uso de agrotóxicos). “A dona de casa mais atenta pode observar uma película meio esbranquiçada na casca do tomate. É o sinal da presença dos aditivos químicos”, explica a nutróloga Lívia Zimmermann.
Trocar o tomate convencional pelo orgânico, portanto, pode valer a pena, especialmente no prato das crianças. Sabe-se que os efeitos dos agrotóxicos são cumulativos – por isso, de acordo com os especialistas, o quanto antes barrarmos boa parte desse contato, melhor.
O tomate é o vilão maior, mas entre os reis da contaminação ainda estão o morango, a melancia, o melão, a abóbora, enfim as frutas rasteiras, além do mamão e das verduras (legumes e folhas). No geral, nos cultivos tradicionais, esses alimentos recebem uma quantidade grande de químicos, por serem mais suscetíveis à ação de pragas, como as ervas daninhas.
Segundo Fernanda Pisciolaro, nutricionista Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), os cuidados devem ser redobrados com alimentos que se come com a casca e com aqueles que não têm casca (a exemplo do morango). Nem as carnes vermelhas escapam dos alimentos que merecem atenção (e que poderiam ser substituídos por sua versão orgânica). Os hormônios de crescimento e antibióticos usados na criação bovina podem causar prejuízos ao organismo. Isso não ocorre com a carne orgânica, resultado de um gado criado em pasto orgânico, com alimentação orgânica e sem o uso de remédios alopáticos.
Ganhos na qualidade e no sabor
“O agrotóxico deixa o morango com gosto de acetona. A fruta orgânica é bem diferente, muito mais saborosa”, completa Raquel Diniz, coordenadora do Instituto Akatu, uma organização não-governamental que busca estimular o consumo consciente e sustentável.
José Pedro Santiago e Alexandre Harkaly, diretores da associação de certificação de orgânicos, o Instituto Biodinâmico (IBD), garantem que os alimentos orgânicos contêm uma concentração mais elevada de nutrientes. Para confirmar o que dizem, eles lembram de 41 estudos científicos divulgados, em 2005, pela Soil Association, da Inglaterra, que atestavam uma presença maior de vitamina C, magnésio e fósforo nos orgânicos.
“A laranja, por exemplo, contém 12% mais vitamina C e menos resíduos de nitratos em relação à convencional”, comenta José Pedro. Essa maior concentração de nutrientes, segundo o especialista, pode ser vista também no leite orgânico, que apresenta maior quantidade de cálcio e vitaminas.
Reconheça um alimento orgânico
Para ser considerado orgânico, o alimento deve seguir alguns padrões essenciais de plantio e colheita. De início, nada de agrotóxicos ou agentes químicos, como os pesticidas, para “reforçar” a terra e evitar pragas e ervas daninhas.
Normalmente, os produtos vendidos em supermercados apresentam um selo de certificação, desde que tenham, no mínimo, 95% de ingredientes orgânicos. “Para certificar um produto, seguimos diretrizes que vão da produção primária à industrialização, armazenamento e transporte do produto. Além de questões de conservação do solo”, afirma Alexandre Harkaly, diretor do IBD. O selo vale tanto para frutas e vegetais, quanto para laticínios e carnes.
Mas, se você tem o hábito de freqüentar feiras ou sacolões e mercadinhos próximos da sua casa, vai uma dica: alimentos orgânicos tendem a ter um aspecto mais feio. Isso reflete tanto no tamanho da fruta, quanto na coloração. Portanto, se você não quer abrir mão dos tomates “vermelhões” e gigantes, porém cheios de agrotóxicos, nem passe perto das prateleiras orgânicas. Ali, a fruta é menor e de um vermelho mais discreto.
Fonte: Redação Terra