Candidíase – Abordagem Nutrológica


A mulher que nunca sofreu desse mal, que atire a primeira pedra! Sim, pois quando chega o desconforto, quase sempre sabem do que se trata. É uma das queixas comuns na minha prática clínica.

Mas porque isso acontece? Primeiro, é importante saber que a Candidíase é uma doença transmitida por fungos, especificamente pela Candida Albicans, que pode se manifestar na pele (micoses), boca (mais conhecido como “sapinho”), estômago, intestino e no órgão genital feminino.
Várias são as causas para o aparecimento da Candidíase: 

  • Alteração no sistema imunológico: geralmente deficiente decorrente de déficit de nutrientes ou outras doenças que podem levar a alteração imunológica. As mais comuns são diabetes, pacientes oncológicos em quimioterapia ou pacientes com infecções de repetição e que fazem uso de vários ciclos de antibiótico
  • Disbiose intestinal (desequilíbrio na flora intestinal na qual a flora patogênica se sobressai à flora normal), 
  • Roupas íntimas de tecido sintético, 
  • Má higiene pessoal, 
  • Uso de alguns tipos de anticoncepcionais, 
  • Menopausa, 
  • Distúrbios hormonais, 
  • Relações sexuais. 
  • Período menstrual
  • Consumo exagerado de alimentos ricos de carboidratos
  • Dieta com restrição severa de alguns nutrientes
  • Privação de sono

OS sintomas geralmente são ardência, corrimento vaginal em grumos, vermelhidão, desconforto na relação sexual, irritação. Esses sintomas são especificamente femininos, pois apesar do homem também se contaminar, quase nunca é manifestado, devido a questões hormonais ou quando manifestamos é a na forma de apenas uma vermelhidão ou ardor na glande.

O que muitas mulheres não entendem, mesmo depois de terem realizado todo o tratamento (o marido também precisa muitas vezes) ingestão de antifúngicos, cremes vaginais, é que o quadro pode recorrer ao longo da vida. E aí entra o ginecologista para fazer a investigação. 
Por trás de tudo isso, há outros sintomas que podemos correlacionar com o por quê dessa manifestação persistente: 

  • Você sente vontades incontroláveis de comer doces, 
  • Compulsividade por carboidratos, 
  • toma 1 litro de café por dia,
  • Sente um cansaço inexplicável
  • Vive estressada, com outras inflamações recorrentes? Se a resposta foi positiva para algumas dessas perguntas, é bom investigar se esse é o seu caso.

Esses sintomas podem coexistir nos quadros de candidíase crônica. Nunca achei explicação lógica na literatura, mas o fato é que quando tratamentos corretamente através de medicações e dieta, a maioria desses sintomas tendem a melhorar. 

Para o fungo sobreviver, é necessário um ambiente favorável para seu crescimento e multiplicação. Isso também é determinado pela alimentação. Simples assim: quando sua alimentação é rica em carboidratos, álcool, refrigerantes, biscoitos e massas, o ambiente intestinal fica mais propício para uma microbiota patogênica,  o que de forma indireta favorece o surgimento da candidiase. A constipação intestinal também pode favorecer a recorrência das crises. Assim como a ocorrência de infecções urinárias de repetição. Ao longo dos anos tenho visto muito isso no consultório.

Hoje em dia, grande parte da população adquiriu hábitos alimentares e comportamentais que os deixam mais expostas e susceptíveis a agressores. Alimentos industrializados, embalados, junk foods, refrigerantes e outras facilidades aumentaram a demanda e procura por esse tipo de produto, fazendo com que o fator nutricional e a qualidade do alimento não seja a opção mais importante para alimentação cotidiana.

Os fungos, quando crescem de maneira desordenada, podem favorecer que outros tipos de fungos cresçam também, aproveitando esse ambiente propício e pode influenciar em diversas reações, que vão muito além do desconforto da mulher:
1) alteração do sistema imunológico, pois sua presença desordenada pode trazer reações de hipersensibilidades e alergenicidade
2) Os fungos produzem micotoxinas, que são extremamente tóxicas para o homem
3) Sua multiplicação pode se manifestar também na forma de micose, que é uma inflamação e infecção subsequente, que podem se localizar tanto na pele como órgãos internos como intestino
4) A ação somatória das substâncias tóxicas produzidas por esses fungos, podem causar desequilíbrios nutricionais, hipoglicemia, distúrbios de destoxificação, além de processos alérgicos, inflamatórios e auto imunes, comprometendo assim o funcionamento e atuação de nutrientes necessários para função e nutrição celular.

Fique atenta se você ingere carboidratos em excesso e não consegue se controlar ao ver doces. Alguns autores acreditam que o fungo produz uma neurotoxina (substância que envia mensagens para o cérebro), fazendo com que na ausência desses alimentos (ela também quer se alimentar!), você tenha maior avidez por carboidratos. Isso não tem evidência científica, mas na prática percebo claramente isso ocorrendo.

Fique alerta aos principais fatores de risco para um crescimento fúngico desordenado:
1) Alimentação pobre em nutrientes: baixa densidade nutricional
2) Alto consumo de açúcares e carboidratos refinado
3) Baixo consumo de frutas, legumes e verduras: baixa ingestão de fibras. Menos de 35g por dia já pode ser facilitador
4) Jejuns prolongados podem levar a uma redução da atividade imunológic
5) Alto consumo de adoçantes artificiais: alguns autores acreditam que eles influenciem a microbiota intestinal
6) Estresse mental e emocional (principalmente correlacionado aos fatores acima)
7) Uso frequente de antiácidos, antibióticos, corticoides, anticoncepcionais, laxantes
8) Higiene e roupas íntimas inadequadas, pouco ventiladas

Para evitar a recorrência, sempre que fizer o tratamento com o antifúngico faz se necessário um tratamento nutricional concomitante.

Somente um médico será capaz de diagnosticar seu caso e instituir o tratamento adequado para seu caso.

O tratamento pode incluir:

  • Uso de antifungicos orais como Fluconazol ou Itraconazol
  • Uso de cremes vaginais como Nistatina ou Miconazol
  • Uso de óvulos vaginais com probióticos e alguns ácidos
  • Banhos de assentos
  • Uso de absorventes com alguns óleos essenciais
  • Ajuste dietético, com adequação do volume calórico
  • Uso de fitoterápicos
  • Reposição de vitaminas e minerais que se estiverem em déficit podem piorar a resposta imunológica
  • Tratamento da doença de base
  • Uso de probióticos via Oral (cepas específicas)

Treinei o meu nutricionista ao longo dos anos para elaborar um plano alimentar para tais pacientes. O paciente primeiro passa em consulta comigo e posteriormente o nutricionista elabora o plano alimentar.
A maioria dos casos apresentam melhora quando seguem a dieta à risca. Porém há alta taxa de recorrência, principalmente naquelas pacientes que retomam os hábitos alimentares e de vida anteriores.

Autor: Dr. Frederico Lobo – CRM-GO 13192 – RQE 11915 – Médico Nutrólogo e generalista

Dr. Frederico Lobo
Médico Nutrólogo

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