Margarina x Manteiga – Qual o mais saudável?


Esse é um daqueles temas polêmicos e que dão um verdadeiro nó na cabeça da maioria das pessoas, principalmente pelo fato de alguns profissionais indicarem a manteiga como melhor opção, enquanto outros indicam o consumo da margarina.

Mas hoje, para que você saiba a melhor opção para você, trarei aqui nesse texto qual é realmente a melhor opção para utilizar no seu dia a dia. E para reforçar, saiba que estou escrevendo com a total AUSÊNCIA de opinião pessoal (mas no final, claro, deixarei a minha opinião profissional).

Tudo que apresentarei a seguir é com base na literatura científica atual, em que considerei alguns ensaios clínicos randomizados de boa qualidade em que comparam os dois tipos de gorduras (manteiga x margarina).

E para que você já saiba a resposta logo de início, saiba que os trabalhos demonstram que a MARGARINA é uma melhor opção a ser utilizada, já que quando comparamos o impacto do consumo de ambos os tipos de gorduras (manteiga x margarina), os resultados demonstram que a margarina exerce uma melhor influência sobre o perfil lipídico dos indivíduos que a consomem.

Mas você pode se perguntar ou até mesmo questionar: “então por que no passado o pessoal batia tanto na tecla de que margarina era um VENENO e que a manteiga sempre era uma melhor opção?”

A verdade é que a tecnologia empregada na produção da margarina mudou bastante nos últimos anos. ANTIGAMENTE, a margarina era produzida através de um processo chamado de hidrogenação, que nada mais é do que um processo químico que visa adicionar átomos de hidrogênio no produto alimentício, o que muda a consistência da gordura para uma forma mais sólida e altera significativamente a sua textura e palatabilidade. 

É nesse processo de hidrogenação que é formado a tão conhecida e temida “gorduras trans”. Ou seja, a maior parte das margarinas do passado apresentavam um alto teor de gorduras trans na sua composição e, como vários estudos já demonstraram, traziam consigo os efeitos deletérios na saúde cardiovascular, logo, sabidamente a margarina nessa época não era uma opção interessante.

Contudo, com a evolução da tecnologia dos alimentos, a margarina é produzida atualmente através do processo de interesterificação, o qual traz características positivas relacionadas a palatabilidade e textura do produto alimentício e forma baixíssimas quantidades ou até mesmo apresenta ausência das gorduras trans.

Ou seja, nesse processo de interesterificação da margarina, o grau de saturação das gorduras ali presentes não é afetado.

Sendo assim, os trabalhos que comparam o uso da margarina produzida através do processo de interesterificação com a manteiga comum, demonstram que seu uso afeta menos ou até mesmo não afeta de forma significativa as lipoproteínas de baixa densidade (“LDL – colesterol ruim”), diferente da manteiga que é composta por uma elevada quantidade de gorduras saturadas (mas que também alguns estudos demonstram que o uso de até 14g de manteiga por dia, não traz muitas alterações significativas nesse perfil lipídico).

E mais, o uso de margarinas enriquecidas com fitoesteróis, que são facilmente encontradas em alguns mercados, podem até mesmo auxiliar na redução do LDL (claro que o consumo moderado e não excessivo, já que o produto possui alta densidade energética).

Mas vamos pra minha opinião profissional, que é formada através da leitura dos inúmeros trabalhos relacionados ao consumo de gorduras e seus impactos na saúde: o ideal é que seja avaliado o seu quadro clínico atual. Caso você tenha alteração no “colesterol” e, ainda, consuma muita gordura saturada, o ideal é que você dê preferência à margarina com fitoesterois. Mas caso você não apresente nenhuma alteração nos seus parâmetros metabólicos, escolha a opção que você preferir, desde que o consumo não seja excessivo e seja estipulada pelo nutricionista.

E ainda, o ideal é que você saiba que a gordura que deverá ser mais evitada é a gordura trans. E pode ter certeza de que se você tiver alto consumo de carne vermelha (SIM, as gorduras trans estão presentes na carne animal, já que é produzida naturalmente pelo animal) ou então consumo leve/moderado de industrializados com frequência (biscoitos de pacote, salgadinhos, sorvetes, bolos prontos, chocolates, pipoca de microondas, macarrão instantâneo, cremes vegetais saborizados), você já está com uma dieta rica em gorduras trans.

E o fato de muitos desses alimentos apresentarem nos seus rótulos 0g de gorduras trans (já que se trata de uma informação obrigatória do rótulo), saiba que algumas empresas usam uma “estratégia” para driblar essa legislação.

Caso o produto alimentício possua 0,2g ou menos de gorduras trans por PORÇÃO, a indústria poderá inserir como 0g no rótulo! Ou seja, muitos produtos tem sua porção descrita de forma reduzida para ficar igual ou abaixo de 0,2g, apenas para poder colocar como 0g e fazer com que o indivíduo compre o alimento com a sensação de que ele é “menos pior”.

No entanto, caso seja utilizado o pacote inteiro, é bem provável que o consumo de gorduras trans fique bem elevado ao final do dia, trazendo o aumento do risco de diversas doenças crônicas não transmissíveis.

Portanto, não fique preocupado apenas com a manteiga ou com a margarina!

Busque fazer sempre o uso de alimentos in natura e minimamente processados e, sobre aqueles mais processados, converse com o Nutricionista para saber quais inserir e a frequência para minimizar riscos à saúde.

Autor: Rodrigo Lamonier – Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: Dr, Frederico Lobo – Médico Nutrólogo – CRM 13192 – RQE 11915
Márcio José de Souza – Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

Dr. Frederico Lobo
Médico Nutrólogo

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